Pesquisa indica que números do governo não representam a realidade do transporte de cargas no Brasil

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Pesquisa indica que números do governo não representam a realidade do transporte de cargas no Brasil

São Paulo, 25.02.04 – O transporte rodoviário de carga é muito mais importante e estratégico para o escoamento da produção brasileira do que fazem crer as precárias e superadas estatísticas oficiais. O setor, no entanto, tem uma capacidade ociosa muito estreita. No caso de eventual aquecimento econômico, esta limitação pode gerar um inevitável ?paradão? logístico.
Se, até hoje, estes e outros alertas não passavam de meros palpites, ganham agora ares de verdade. O minucioso estudo ?Produto do Transporte Rodoviário de Cargas ? PTRC?, que a Truk Consultoria acaba de tirar do forno para colocar à venda, constata que a carga transportada efetivamente pelos caminhões em 2.002 foi de quase 572 bilhões de t.km.
Até agora, a cifra mais à mão era a do extinto Geipot, que estimava este movimento em 451 bilhões de t.km em 2.000 ? uma ?pequena? diferença, portanto, 111 bilhões de t.km, ou 26,8%.
Admitindo-se como corretas as cifras oficiais para os demais meios, de 295 bilhões de t.km, o produto total subiria de 746 bilhões para 857 bilhões de tkm, enquanto a participação do transporte rodoviário deixaria de ser de apenas 60,5%, como queria o Geipot, elevando-se para 65,6%.
Os dados do Geipot para o setor baseavam-se em estimativas bastante precárias. Os técnicos limitavam-se a levantar o consumo de óleo diesel pelo TRC e multiplicar este valor pelo rendimento de um caminhão típico (em km/litro) e pela sua suposta carga útil.
Já o método do Truk é bem mais elaborado. O estudo parte do levantamento da frota nacional (quadro 1), devidamente dividida em classes (de leve a extrapessado), idade (de novo a velho), e área de atuação (urbana ou rodoviária). A frota nominal chega a 1.312 mil veículos, dos quais quase 800 mil rodoviários (médias e longas distâncias) e 512 mil urbanos (cidades e curtas distâncias). Desprezando-se cerca de 122 mil veículos com mais de trinta anos, cuja produção é muito pequena, chega-se a uma frota efetiva de 1.189 mil caminhões.
Para se chegar aos produtos nominal e efetivo, o caminho seguido foi trabalhar com as médias, por classe de caminhão e por faixa de idade, tanto de capacidade de carga útil como de peso efetivamente transportado e a quilometragem mensal rodada por caminhão, com carga.
Para se determinar esta quilometragem foram levados em conta o tempo parado para manutenção, feriados e dias santos. Restaram 242 dias ou cerca de 8 meses úteis por ano..

Quadro 1 ? Frota Brasileira de Caminhões 2002
Por Classe, Faixa de Idade e Área de Atuação

Classes Faixas de Idade Frota Rodoviária Frota Urbana
Nominal Efetiva Nominal Efetiva
Leves NovoSeminovoUsado Muito UsadoVelho 18.39715.67722.05128.29762.471 18.39715.67722.05128.29756.987 24.72221.06529.63038.02483.944 24.72221.06529.63038.02476.575
Sub-Totais 146.893 141.409 197.385 190.016
Médios NovoSeminovoUsado Muito UsadoVelho 1.7614.6895.96410.598115.701 1.7614.6895.96410.59881.630 2.6737.1179.05316.084175.609 2.6737.1179.05316.084123.896
Sub-Totais 138.713 104.642 210.536 158.822
Semipesados NovoSeminovoUsado Muito UsadoVelho 16.08522.49033.26049.633104.390 16.08522.49033.26049.63396.976 4.7556.6549.83514.67730.869 4.7566.6509.83514.67728.677
Sub-Totais 225.858 218.444 66.790 64.599
Pesados NovoSeminovoUsado Muito UsadoVelho 17.43421.57022.99612.87740.687 17.43421.57022.99612.87729.007 2.7063.3493.5691.9996.314 2.7063.3483.5691.9994.502
Sub-Totais 115.564 103.884 17.937 16.125
Extrapesados NovoSeminovoUsado Muito UsadoVelho 28.78237.80554.59331.63519.912 28.78237.80554.59331.63519.387 3.3074.3446.2713.6342.287 3.3074.3436.2713.6342.226
Sub-Totais 172.727 172.202 19.843 19.784
? Totais 799.755 740.581 512.491 449.346
Fonte: TRUK[

O produto nominal calculado é de 645.982,3 x 106 t.km (quadro 2), que representa a oferta teórica do setor, numa situação de aproximada da plena eficiência. O. produto real ou efetivo calculado é de 561.798,9 x 106 t.km, ou seja, 87,0% do poduto nminal. A margem de crescimento do setor, sem novos investimentos, é de apenas 15%. Qualquer aumento de demanda superior poderá estrangular o crescimento econômico e inflacionar o preço dos fretes.
Quadro 2? Resumo do Cálculo do PTRC 2002

ClassesdeCaminhões Faixasde Idade Frota(a) CCU(b) TonTransp(c) Km/mêsCom Carga(d) Produto(em 106 t.km/ano)
Nominal 8 x(a) x (b) x (d) Real 8 x(a) x (c) x (d)
Leves NovoSeminovoUsadoMuito UsadoVelho 18.39715.67722.05128.29756.987 4,03,93,73,63,5 3,83,42,93,02,7 7.5007.5007.5007.5007.500 4.415,33.668,44.895,36.112,211.967,3 4.194,53.198,13.836,95.093,59.231,9
Subtotal 141.409 ? ? ? 31.058,5 25.554,9
Médios NovoSeminovoUsadoMuito UsadoVelho 1.7614.6895.96410.59881.630 5,18,18,110,711,2 3,66,15,88,99,0 7.5007.5007.5007.5007.500 538,92.278,92.898,56.803,954.855,4 380,41.716,22.075,55.659,344.080,2
Subtotal 104.642 ? ? ? 67.375,6 53.911,6
Semipesados NovoSeminovoUsadoMuito UsadoVelho 16.08522.49033.26049.63396.976 12,813,211,913,313,0 9,810,210,010,911,6 7.5007.5007.5007.5007.500 12.353,317.812,123.747,639.607,175.641,3 9.458,013.763,919.956,032.460,067.495,3
Subtotal 218.444 ? ? ? 169.161,4 143.133,2
. Pesados NovoSeminovoUsadoMuito UsadoVelho 17.43421.57022.99612.87729.007 14,314,114,715,316,6 12,812,212,713,613,1 7.5007.5007.5007.5007.500 14.958,418.248,220,282,511.821,128.891,0 13.389,315.789,217.523,010.507,622.799,5
Subtotal 103.884 ? ? ? 94.201,2 80.008,6
Extrapesados NovoSeminovoUsadoMuito UsadoVelho 28.78237.80554.59331.63519.387 29,128,027,126,926,3 27,225,924,823,923,1 7.5007.5007.5007.5007.500 50.253,463.512,488.768,251.058,930.592,7 46.972,258.749,081.234,445.364,626.870,4
Subtotal 172.202 ? ? ? 284.185,6 259.190,6
? Totais 740.581 ? ? ? 645.982,3 561.798,9
Fonte: TRUK
A contribuição de cada classe de caminhão na geração do PTRC fica assim distribuída: lves com 4,5%, mdios com 9,6%; semipesados com 25,5%, psados com 14,2% e extrapesados com 46,2%. Em suma os caminhões mais modernos (extrapesados e semipesados) são muitos mais produtivos do que os antigos caminhões médios. Fonte: truckconsultoria@terra.com.br

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