Caminhão arqueado: Os perigos da modificação de estrutura dos caminhões

Caminhão arqueado: Os perigos da modificação de estrutura dos caminhões

Ao circular pelas estradas brasileiras não é difícil se deparar com o exemplar de um deles: os famosos e polêmicos “caminhões arqueados”. Se por um lado as modificações das estruturas são sinônimo de estilo e personalidade, por outro, acendem alguns alertas sobre segurança no transporte rodoviário de cargas, proteção da carga e logística.

A prática de elevar os eixos traseiros, que remete aos veículos dos campeonatos truck, ganhou destaque nos últimos anos, impulsionada especialmente por blogs e influenciadores de amantes de caminhões.

É investida uma alta quantia para inserir calços sob a mola, ou acrescentar molas adicionais, criando uma diferença de altura entre as partes traseira e dianteira do caminhão.

Apesar de ser visto como um diferencial para muitos caminhoneiros, essa modificação pode não ser uma boa opção para os profissionais que atuam no transporte de cargas. A prática quando excede as limitações soma diversos riscos que podem interferir na operação e trazer grandes prejuízos para transportadores e embarcadores.

Os principais perigos do caminhão arqueado

Diante deste debate, muitos especialistas têm alertado para as consequências da modificação da estrutura dos caminhões. O problema já começa com as estradas brasileiras que carecem de infraestrutura para o fluxo seguro de motoristas.

Somente em 2021, foram mais de 64 mil acidentes registrados nas rodovias federais que cortam o país. Na falta de um ambiente ideal para transitar, recai sobre o motorista uma responsabilidade ainda maior. Neste contexto, circular com um veículo alterado informalmente é ainda mais preocupante. A prática aumenta riscos como:

  • Tombamento – A mudança do centro de gravidade do veículo e alteração da distribuição do peso sobre a estrutura aumenta o risco de tombamentos, seja em curvas ou momentos onde é necessária alguma manobra.
  • Letalidade em caso de acidente – Elevar a traseira anula a função das placas retrorrefletoras e dos pára-choques, aumentando o risco da entrada carro embaixo do caminhão no caso de uma batida. Esse tipo de acidente pode ser altamente letal para quem estiver no carro.
  • Distribuição da carga – A alteração na carroceria também pode influenciar a distribuição da carga quando há um carregamento acima do permitido, dando uma falsa impressão de equilíbrio.
  • Falhas mecânicas – Mexer no projeto original sobrecarrega e prejudica componentes de diversos sistemas. A prática pode gerar danos ao rolamento, desgastar a suspensão dianteira mais rápido e gerar uma pressão desnecessária em peças que acabam ficando frágeis e instáveis.

As próprias montadoras já debateram a questão. Em entrevista ao UOL Carros, Jeseniel Valério, gerente da engenharia de vendas da Volvo Brasil, conta que a marca chegou a fazer testes com caminhões arqueados para avaliar o desempenho, mas chegou à conclusão de que tais alterações jogam no lixo todo o trabalho da engenharia para construir um veículo seguro.

Ele também esclarece um mito espalhado pelos fãs do arqueamento, de que o caminhão fica mais firme.

“Rebaixar a dianteira e elevar a traseira pode dar uma falsa sensação de firmeza porque o caminhão fica sem molas, todo o sistema de amortecimento trabalha no limite, então ele não se mexe em buracos e curvas, por exemplo. Isso eleva muito o risco de tombamentos. Outro sistema prejudicado é o de freios, já que todo o peso da carga é transferido para a dianteira. O centro de gravidade do carro é outro”, alerta o especialista.

O que diz a lei sobre caminhões arqueados?

Ativa desde 2014, a Resolução 479, publicada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), prevê limitações para as modificações nas estruturas dos caminhões.

  • A resolução permite a elevação dos caminhões em 2° graus, o que na prática representa 3,5 centímetros por metro de comprimento.
  • Ainda, as lanternas traseiras não podem estar acima de 1,20 metros do chão e as lanternas laterais ou luzes de posição não podem estar acima de 1,50 metro do chão.
  • A resolução também autoriza o uso de calço na suspensão, porém ao utilizá-lo, são definidos dois pontos de referência no chassi (X e Y) com uma distância de 1000 mm entre eles. Então é realizada uma medida a altura desses dois pontos em relação ao solo e a diferença de altura desses dois pontos não pode passar de 35 milímetros.
  • Os veículos que tiverem sua suspensão modificada, em qualquer condição de uso, deverão inserir no campo das observações do Certificado de Registro de Veículo – CRV e do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo – CRLV a altura livre do solo.

A penalidade para quem conduzir veículo com características alteradas sem autorização constitui infração grave, com acréscimo de cinco pontos no prontuário da CNH, multa de R$ 195,23 e retenção do veículo até a sua regularização.

O seguro cobre o caminhão arqueado?

Por fim, vale lembrar que operar com um veículo arqueado não é bem visto pelas seguradoras. A prática pode gerar diversos problemas com a proteção da carga e do caminhão, fazendo com que o transportador perca garantias e gerando grandes prejuízos no caso de algum dano.

De acordo com Eduardo Tavares, especialista em Gerenciamento de Riscos para Transporte de Cargas na Zattar Seguros, muitos pontos devem ser avaliados antes de qualquer modificação, pois raramente ela será benéfica e se torna inviável assegurar a operação. “Se ocorre um atraso porque o veículo está retido pela fiscalização ou teve falha mecânica, por exemplo, gera um estresse logístico para todos envolvidos. Quando se trata de uma carga perecível, o risco de perda da carga é ainda maior”, alerta.

Operar com o veículo fora das normas é, inclusive, motivo de negativa do pagamento da indenização na ocorrência de um sinistro. Ou seja, se acontecer um acidente e durante a perícia for constatado que o caminhão estava com modificações que excedem os limites permitidos por lei, o transportador responsável pela carga não terá nenhum ressarcimento – o que pode gerar dívidas com o cliente.

“Muitos embarcadores, inclusive, têm evitado contratar o transporte de carga com caminhões modificados, diante do risco de ter um atraso em sua entrega ou até mesmo não conseguir concluir a operação”, explica.

Boas práticas para um transporte de cargas seguro

Um transporte de cargas seguro demanda de monitoramento e atenção constante. A Zattar Seguros conta com uma Central de Controle de Operações, formada por profissionais com mais de 15 anos de experiência para atuar junto aos segurados e demais envolvidos nas operações de transporte a fim de elevar o nível de atuação em todos os aspectos.

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Fonte: Zattar 

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